terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Problemas dermatológicos em cães

 
Se o pelo do seu amigão não anda bem, caindo ou com falhas, ele pode estar com algum problema de pele. Conheça as causas mais comuns.
Os principais problemas dermatológicos dos cães são as dermatites alérgicas, dermatites parasitárias (sarnas), as micoses superficiais e as piodermatites.
 
 
Alergias
Dentre as alergias, a mais frequente em nosso país é a alergia à picada de pulgas. Isto ocorre devido às condições climáticas favoráveis à procriação deste inseto, ocorrendo uma grande incidência desta alergia em meses mais quentes. Atualmente, existem várias maneiras de controlar esse problema, desde "anticoncepcionais para pulgas", dados ao cão e ao gato por via oral, até inseticidas dotados de prolongada ação residual.
A atopia, alergia desencadeada por inalantes (ácaros, bolores e pólen) é o segundo tipo mais frequente de alergia em cães, e pode ser diagnosticada através de exame de sangue específico. Em terceiro lugar situa-se a alergia alimentar, sendo os alimentos de origem proteica (carne bovina e frango) os principais envolvidos.
Deve-se lembrar que a maioria das rações comerciais são constituídas basicamente por esses ingredientes, não estando, portanto, excluídas como potenciais causadoras de alergia alimentar.

Sarnas
Existem 2 tipos: a escabiose, transmissível a outros animais e ao homem, e a sarna negra ou demodécica, transmitida apenas da mãe para os filhotes nas primeiras horas de vida. Esta última causa lesões geralmente mais graves do que aquelas desencadeadas pela escabiose, e pode ser controlada, mas não curada totalmente.
Portanto, fêmeas que apresentam ou apresentaram quando filhotes a sarna negra, não devem procriar a fim de evitar-se maior disseminação desta doença. Curiosamente, a escabiose felina pode ser transmitida ao cão e vice-versa, e ambas (felina e canina) podem ser transmitidas ao homem.

Micoses
As micoses superficiais são mais frequentes em cães e gatos jovens (menores de 1 ano de idade) e são adquiridas através do contato com a terra, fômites contaminados (pentes, toalhas, tapetes...) e com outros animais. Estas também são potencialmente transmissíveis ao homem.

Piodermites (infecções bacterianas da pele)
Podem aparecer como consequência de qualquer uma das doenças acima citadas, sendo portanto, extremamente frequentes. Muitas vezes são confundidas com micoses ou alergias pelo clínico geral não especialista, pois assumem aspectos diversos e variados, assemelhando-se a outras dermatites. Além de diagnosticar e tratar a piodermite, é fundamental que se investigue as suas causas a fim de se evitar que ela reapareça.

Problemas hormonais
Diabetes mellitus, hipotireoidismo (diminuição da atividade das glândulas tireoides) e hiperadrenocorticismo (aumento da atividade das glândulas adrenais), podem levar a piodermites crônicas e recidivantes (que melhoram e depois reaparecem), além de causar queda do pelame e alteração na cor da pele e do pelo, podendo ainda estar acompanhadas de obesidade.

A melhor forma de prevenir a maioria dos problemas de pele dos cães se dá através da escovação diária do pelo e de banhos cuja frequência ideal (semanal, quinzenal ou mensal) depende do tipo de pelagem, das condições climáticas e de manejo nas quais o animal é criado. Já os gatos, extremamente asseados, dispensam os banhos frequentes, exceto quando apresentam dermatites, a exemplo da sarna, da micose e das piodermites.


Problemas de pele em cães e gatos
0 termo dermatose é usado genericamente para descrever problemas relacionados às alterações da pele e pelagem. 0 diagnóstico preciso, ou seja, o conhecimento da causa de uma dermatose, é fundamental para a indicação do tratamento correto e, como consequência, o sucesso da cura.

Resumidamente, podemos destacar as seguintes DERMATOSES:
 
As relacionadas às carências nutricionais, como por exemplo a falta do mineral ZINCO, de vitaminas A, D, E, do Complexo B, Ácido Oleico e Linóleo.
Outras, devido a mudanças do Ph da pele e consequente baixa da resistência cutânea, muitas vezes causadas por banhos excessivos e com produtos inadequados.
As dermatites de contato, causadas pela exposição direta da pele com materiais de natureza variada, como os orgânicos (vegetais, urina...) e os sintéticos (produtos de limpeza à base de amoníaco, solventes, varsol, removedores, cresóis, fenóis, etc..), ou mesmo contato direto com material plástico das vasilhas, bebedouros, tapetes e carpetes, sintéticos, etc..
As de natureza psicossomáticas comuns em animais confinados e estressados.
Dermatites de contágio como as parasitárias, bacterianas, fúngicas e virais.
As decorrentes de problemas metabólicos como a uremia e diabetes.
As de etiologia (causa) mais complexas, geralmente hereditárias, como o pênfigo, Lupus, Ectiose, etc..
As relacionadas com deficiência imunológica como a Atopia canina, Demodicose, Estaphilococose, etc.
As de origem hormonal causadas pelos desequilíbrios hormonais relativos às disfunções ovarianas, testiculares, das glândulas adenais.

 
Métodos de diagnóstico:
Variam desde a observação clínica dos sintomas a exames laboratoriais altamente sofisticados. Podemos destacar os seguintes exames:
Raspados de pele/pelos com observação microscópica, meios de cultura para bactérias e fungos
Biópsia de pele para exame histopatológico
Teste da lâmpada de Wood (para fungos - micoses)
Teste intradérmico para diagnóstico alérgico (inocula-se várias substâncias para testar a sensibilidade do animal)
Rast test (teste de alergia usando-se uma amostra de sangue)
Exames de bioquímica do sangue

Devido a essa enorme complexidade, é fundamental a presença do profissional especializado e atualizado com as mais recentes descobertas científicas. Muitas vezes, recebo animais que já foram submetidos a vários tratamentos de maneira empírica (experimental), alguns altamente intoxicados devido a doses excessivas de medicamentos, especialmente antibióticos, corticoides e quimioterápicos. Nesses casos é necessário estabelecer um esquema de tratamento desintoxicante para, em seguida, iniciar o tratamento específico.
Gostaria de enfatizar o uso de imunoterapia (vacinas) nas dermatoses de caráter sistêmico. Apresenta o grande benefício de não ter efeitos colaterais nocivos ao organismo, visando o tratamento curativo, e não o sintomático.
Como exemplo, tenho obtido excelentes resultados no tratamento de dermatites de natureza alérgica com a utilização de vacina composta de alérgenos inalantes (obtido através de extrato concentrado purificado e padronizado por manipulação laboratorial de dezenas de materiais como: pólen, lã, pelo e pele de animais, gramíneas, insetos, fungos, leveduras, etc..) associada ao IGG Parvum (imunoestimulante). O animal recebe, semanalmente, uma dose progressiva da vacina, objetivando a formação de anticorpos pelo organismo e, consequentemente, aumentando a resistência orgânica. É um processo lento onde os primeiros sintomas poderão levar meses para aparecerem.
Com o passar do tempo, os resultados obtidos são cada vez mais positivos. Lentamente observamos o controle da doença ou até a cura definitiva.

Fonte: www.dermatopet.com.br www.webanimal.com.br
Cibele Nahas Mazzei (CRMV SP 6011)
M. V. Mestre em Dermatologia Veterinária pela USP
 
Roberto Migliano Monteleone   médico veterinário (CRMV SP 1833)

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